MC BIEL

"Entrei no táxi e tremia. Aí, comecei a chorar", diz repórter que denunciou Biel


Repórter conta como se sentiu após caso de assédio de Biel 

Em depoimento ao Delas, a repórter do Portal iG, cujo nome foi ocultado para preservar sua privacidade, relatou o que aconteceu durante o encontro com Biel. A jovem de 21 anos denunciou o artista por assédio sexual após o cantor a chamar de "gostosinha" e oferecer beijo enquanto ela o entrevistava.

"Quando ele disse, logo de cara, 'se eu te pego, te quebro no meio', já fiquei com o pé atrás. Estranhei o fato de não ter um filtro no que ele dizia, não ter uma certa barreira ou limite na relação entre repórter e entrevistado. A partir do momento que ele falou isso, minha primeira reação foi um choque. Ele trata assim mesmo quem está ali trabalhando com ele, e enquanto ele está trabalhando também?", lamentou.

"Depois, vem o momento em que ele quer me oferecer um beijo, ou testar a sua sexualidade, e cruza novamente a barreira profissional. Não estava ali conversando, pedindo um beijo ou flertando. Estava ali porque é meu trabalho. Tanto que começo a entrevista dizendo: 'vamos falar sobre seu CD porque é o que importa. Por mais que ele tenha uma postura nas músicas e redes sociais com uma pegada sexualizada, de 'pegador', nunca imaginei que isso fosse acontecer durante entevista com foco de divulgar o CD."

A jovem, que desde 2013 já fez diversas entrevistas com bandas e artistas, lembrou como se sentiu. "Estou acostumada a entrevistar famosos e a primeira coisa que pensei foi que aquilo não estava acontecendo. A entrevista terminou, peguei minhas coisas e fui embora. Entrei no táxi e tremia. Aí, comecei a chorar. Lembrei das pessoas da sala que estavam rindo, de tudo que ouvi uma vez, duas vezes, quatro vezes. Quando saí, percebi tudo que aconteceu, e tantas coisas que ouvi em dez minutos e é aí que você percebe o absurdo da situação", recordou.

“A entrevista terminou, peguei minhas coisas e fui embora. Entrei no táxi e tremia. Aí, comecei a chorar. Lembrei das pessoas da sala que estavam rindo, de tudo que ouvi uma vez, duas vezes, quatro vezes. Quando saí, percebi tudo que aconteceu, e tantas coisas que ouvi em dez minutos e é aí que você percebe o absurdo da situação"
A repórter ainda contou que tentou avaliar seu próprio comportamento. "A primeira palavra que vem à cabeça é incômodo. Pensei que poderia ter parado a entrevista e falado: 'Tchau, vou embora, não quero mais ouvir isso'. Mas preferi terminar o que havia ido fazer lá. Na hora, você fica com a impressão que, se não continuar, não vai entregar o trabalho que você foi fazer lá.

Acolhida por amigos e parentes, a repórter decidiu, então, registrar uma queixa contra o artista. "Fui muito bem atendida na 1ª Delegacia da Mulher. O tempo todo me deram todas as direções, me falaram sobre o processo e me explicaram que estava errado ele me chamar de gostosinha, me oferecer beijo. Me explicaram que realmente a postura e até o jeito de olhar eram indícios de assédio sexual", diz, referindo ao atendimento da delegada e da chefe dos investigadores, Carla Cristina de Souza.

Ao Delas, a delegada Giovanna Valenti não quis comentar o caso, mas explicou como faz o atendimento às vitimas. "Ela ficou aqui por três horas, foi orientada e acolhida. Nesses casos, a vítima precisa de mais apoio do que uma vítima de furto, por exemplo. Existe toda uma consequência psicológica em questão, a mulher precisa entender que tem o direito de ser tratada com respeito".

* O Portal iG e seus funcionários repudiam qualquer forma de assédio ou agressão à mulher, bem como qualquer tipo de violência ou preconceito contra o ser humano. Sempre que nos depararmos com esse tipo de acontecimento, denunciaremos de imediato às autoridades competentes.

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